Experienciando o Brasil...


As  diferenças que encontrei.



Quando cheguei ao Brasil, nunca imaginei, que iria sentir um “choque cultural” tão grande. Era a minha primeira vez na América do Sul, sozinha, numa aventura que durou quase 6 meses, onde aprendi e descobri muita coisa, onde cresci enquanto pessoa, e que deixou muitas saudades.
O meu primeiro “choque” foi perceber que todos os prédios têm grades, para mim era inconcebível alguém conseguir morar rodeado de grades, desde a porta para se entrar dentro da área do prédio ou casa, até às janelas. Devido à insegurança que se sente cada vez que se saí à rua, a tudo o que se vê na televisão a acontecer no Brasil, aquelas grades dão-nos um  certo sentimento de segurança. E passadas algumas semanas a verdade é que eu já achava uma coisa normal.
Existe também uma grande diferença nos transportes. Andar de autocarro (ônibus) por exemplo. Em primeiro lugar, os autocarros para além do motorista, têm um senhor que fica lá no fundo sentado numa cadeira e à sua frente tem uma pequena mesa de madeira com vários compartimentos para guardar os trocos, e cujo único trabalho é vender bilhetes (um bocadinho estranho para quem está habituada a comprar os bilhetes ao motorista) e logo ao lado desse senhor existe uma espécie de roldana por onde tem de se passar para sair do autocarro, ninguém sai sem validar o bilhete. Outra coisa diferente, é não existem passes, isso mesmo, há um cartão parecido com o nosso passe, mas apenas serve para colocar dinheiro que depois é descontado cada vez que andamos de autocarro (também temos esta vertente em Portugal), mas fica muito mais caro andar de transporte, principalmente para quem tem de o fazer todos os dias. Em compensação é possível viajar durante uma hora com o mesmo bilhete, mesmo que se ande em diferentes autocarros.
Uma das melhores maneiras de perceber as diferenças culturais é através da gastronomia, e como são diferentes as nossas gastronomias. Numa refeição tipicamente brasileira, não pode faltar o arroz e o feijão. E carne, muita carne, se há povo que adora carne são os brasileiros, tudo é motivo para se fazer um churrasquinho e juntar imensa gente. Confesso que não fiquei muito fã do arroz com feijão (porque era todos os dias!!), mas em compensação, adorei comer farofa,  quem diria que algo feito principalmente com farinha de mandioca seria tão bom, por mim comia todos os dias ;).
Depois temos os doces. Se há coisa em que os brasileiros são bons é a fazer doces, há de tudo, e é quase impossível escolher só um, no meu caso a única seleção era saber se tinham coco, porque não sou nada fã. Acreditem, se estão de dieta fiquem longe das padarias.
Café, eu ADORO café, e isso foi uma das coisas que mais senti falta no Brasil, encontrar um bom café não é uma tarefa fácil. Seria de esperar que num país onde existem bastantes plantações de café, se conseguiria beber um bom café, pois não é bem assim, beber um bom expresso (como chamam no Brasil), não é uma tarefa assim tão fácil,  porque na maioria dos locais o que se bebe é café de saco.
A minha primeira ida ao supermercado também foi bastante engraçada. Para além de termos todas aquelas frutas tropicais maravilhosas a um preço muito acessível, descobre-se que por exemplo comer peixe é algo que não se pode fazer muitas vezes, uma vez que o preço é exorbitante (o que para quem vem de um país de pescadores, e com um peixe maravilhoso é um bocadinho complicado). Encontrar sal grosso, também não foi tarefa fácil, uma vez que, o sal que usamos em Portugal para cozinhar é designado no Brasil por sal para o churrasco (porque serve para temperar as carnes), por isso dei não sei quantas voltas ao supermercado até o conseguir encontrar. Não percebo como é possível cozinhar com sal que não seja sal grosso.
Outra coisa bem diferente é a maneira como fazemos compras, nos Centros Comerciais (Shopping) é possível comprar quase tudo parcelado (a prestações com cartão de crédito) pode ser em 3, 6, 12 e nalguns casos 24 parcelas. Para além das coisas que já esperamos serem possíveis comprar a prestações, como eletrodomésticos, também é possível comprar roupa ou sapatos a prestações (o jeito que isso não daria aqui em Portugal). Isso é uma coisa tão enraizada que, quem paga a pronto tem quase sempre um desconto. O atendimento também é bastante diferente, fui sempre atendida com um sorriso no rosto e muitas vezes os empregados perguntam-nos o nome para ser mais fácil o atendimento, é um pouco estranho tanta “intimidade” com o vendedor da loja, mas sem dúvida que o atendimento é mais personalizado.
Esta minha experiência no Brasil é algo que nunca vou esquecer, porque “vivi” o Brasil, não o conheci enquanto turista.


*Texto elaborado pela nossa colaboradora Denise Cruz.

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